Encontro as Escuras
Ainda amanhecia o dia, Kenshi sabia que o dia seria corrido e que precisaria correr para vencê-lo, ainda mais pelo fato de que o almoço prometia, eis que havia um encontro agendado. Pôs o café para fazer, ligou o rádio – de fato, seu único e fiel companheiro, pensava em tudo o que estava ocorrendo em sua vida, chegou à conclusão de que precisava voltar a correr toda manhã, voltar a treinar e a dar aulas novamente, o tempo era curto de qualquer modo, então que o foco fosse direcionado para coisas úteis da vida, cuidar da mente e do corpo.
Como toda sexta-feira, ele vestiu a primeira roupa que avistou no guarda-roupa, pôs uma de suas calças, calçou uma de suas botas e estava pronto para mais um dia.
Chegou ao local do encontro, algumas trocas de palavras e elogios animava a relação do casal. Com sua percepção aguçada ele vislumbrava o rosto delicado e lindo da moça, ela usava um lenço na cabeça que dava um ar sofisticado, o olhar longe deveria estar focado em algo agradável, o rosto era sereno, perfeito.
O bate papo fluía como sempre, ele um rapaz irremediável que era confrontado pelo jeito direto e reto, responsável de alguém que já enfrentou importantes adversidades na vida.
Chegaram em um tradicional restaurante japones da cidade, onde luminárias da terra do sol nascente traziam um pouco do ar oriental para a mais ocidental das cidades.
Entraram no restaurante e foram levados pela atendente à uma das salas reservadas, daquelas que se deve retirar os calçados para entrar, em verdadeiro sinal de respeito ao ambiente, sagrado.
O pedido foi feito, era esperar pela comida típica e pelas bebidas, enquanto conversavam. Olhares eram trocados, sorrisos importantes subtraídos de um rosto angelical, formado por bochechas brancas com leves toques róseos, a maquiagem discreta tornava tudo elegante e o batom, um pouco mais marcante, destacando lábios finos, como que desenhados por Michelângelo. Os olhos poderiam fazer até mesmo quem não dirige, acidentar-se nas ruas da cidade.
Os beijos gostosos, as provocações começaram a esquentar o clima, o ar condicionado teve que ser acionado, mas foi incapaz de esfriar o calor que emanava da vulva úmida que implorava para ser preenchida como em outrora.
Certo que não havia possibilidade daquilo ocorrer novamente, as expectativas não seriam atingidas, nem mesmo superadas, mas poderia ser o que havia para o momento.
Os toques, cada vez mais atrevidos e constantes, eram feitos da forma mais pecaminosa, como um pincel que desliza pela tela branca, pálida, deixando um rastro por onde passa, rastro esse valorizado por ser das coisas mais belas já produzidas.
Puta que pariu, ele tinha à sua frente a mulher que todo homem deseja, apesar dela não crer, ou fazer de conta que não, nisso. O toque no rosto foi essencial, a tentativa infrutífera de colocar os longos, macios e sedosos cabelos por trás da orelha, não foi o suficiente para expor o pescoço e as lindas orelhas.
Ele tentava se controlar, precisava disso, mas não era o que a guerra do sexo lhe reservara.
Assim, ele pediu para que ela fechasse os olhos, retirou uma venda de dentro do bolso da calça, amarrou em volta do rosto dela e a deixou apreensiva e ainda mais excitada. A camisa já havia sido um pouco mais desabotoada, expunha, seios delicados, gostosos.
O copo com pedras de gelo seria o próximo alvo. De dentro dele, ele sacou uma pedra e passou a contornar a pele dela. Pescoço, ombro, costas, em todas as regiões próximas dos seios. Ela soltava gemidos incontrolados, voluntários e espontâneos, como deve ser toda resposta.
Ele passou a beijar e sugar o pescoço dela, os ombros, abriu ainda mais a camisa, retirando-a, deixando-a apenas de sutiã.
A calça também deveria ser arrancada. Assim, ele a deitou no tatame, teve que impor a subtração da calça, o bom senso e os limites do casal já haviam sido superados à tempo, talvez desde a data que se conheceram.
Ele pedia para ela apenas sentir o momento, não pensar nele. Que revivesse em sua mente, os tempos mais prazerosos pelo qual já havia passado.
A calcinha dela, enfim, foi exposta. Ele pegou um galho do ramo de alguma erva qualquer que adornava um dos pratos e começou a passa-lo pelo corpo dela, seios, barriga, coxas (grossas, lindas, pecaminosas).
Ela gemia.
Ele passou a derrubar alguns mililitros de bebida em cima do corpo dela, limpando tudo com a boca, enquanto ele passava a língua, ele entrava em êxtase, a língua quente confrontava a baixa temperatura da bebida, causando pequenos arrepios.
Assim, ele brincou com ela por mais algum tempo.
Ele colocou a calcinha dela de lado e passou a sugar todo o mel que ali estava. Seu cheiro era único, o gosto, ímpar. O conjunto todo, concretizava o prazer intenso, o pecado que todos buscam na vida, o lado amoral do ser humano, a busca pelo prazer, sem juízo de valor, sem preconceito, de entrega.
Era muito foda tudo aquilo, o cheiro dela, o qual ficava impregnado nele o dia todo sempre que se encontravam, se misturava com o cheiro do sexo, da perversão tornando o ambiente em um verdadeiro templo sagrado, o mesmo que todo ser humano deveria visitar ao menos uma vez na vida.
O prazer pelo prazer. O pecado pelo pecado.
Ele a virou de costas, expondo um belo, redondo, grande e gostoso rabo, que suplicava por ser punido. Então, se “punittur quia peccatum est”, ele retirou o cinto, o dobrou e começou a punir aquele rabo o qual, certamente, implantava o pecado por todo o lugar que passava.
Ela gemia.
Enquanto, ela tinha a bunda castigada, sua boceta era agraciada pela presença dos dedos que se movimentavam como em uma peça de ballet, cada dedo fazia o papel de um Baryshnikov no palco, com movimentos intensos e, ao mesmo tempo, delicado.
Não havia mais nada à volta, pareciam que estavam em um lugar cheio de lençóis brancos que se movimentavam como que em comemoração pelo o ato, enfim, realizado. Assim, ele colocou o pau para fora, umedeceu com saliva e, sem que ela esperasse, a penetrou com carinho, porém com firmeza.
Ela gozou.
Ele deitado por cima dela, se movimentava com delicadeza, para sentir como ela lidaria dali para frente. Logo ele também chegou ao êxtase.
Ele se recompôs, olhou para aquela deusa deitada, não podia acreditar o que acabara de vivenciar. A deixou ali por mais um tempo.
A vontade era de ir embora, deixar com ela ainda de olhos vendados, uma flor em cima da mesa, esse cenário poderia dizer muito.
Como, enfim disse.
Adaptado por Bárbara Duarte
